Que a vida é breve todo mundo sabe, só não sabemos o quão breve ela pode ser. Abreviar, reduzir, resumir, de repente, a vida, o destino, a história, seja lá quem for, nos prega uma peça e como numa novela de Manoel Carlos vemos o mundo virar de cabeça pra baixo. É fato, nenhum de nós está livre de sofrer desses males, a suposta estabilidade se abala sem aviso prévio, muda nossa vida financeira, nossa saúde, nosso status, a própria vida pode simplesmente resolver que acabou nosso tempo sem questionar se já fizemos tudo que planejamos.
Por essas e outras, cabe a cada um decidir como deve viver sua vida, mas se tem um mandamento que deveria ser universal é “aproveite ao máximo sua estadia por aqui”. Portanto, se você tem algum dinheiro no bolso não se prive de comer num bom restaurante ou de comprar algo que lhe dará algum prazer, se tem vontade de ligar para alguém faça isso hoje, diga o que lhe vier a cabeça, mesmo que seja apenas um “oi”. Se é uma faculdade ou um curso de fotografia que lhe fará feliz, inscreva-se, se prefere experimentar uma noite numa boate de swingue com seu namorado(a) , ouse, se fica pensando em nadar pelado numa praia, desde que você não agrida ninguém, tá tudo certo. Se há na sua agenda um momento em que você pode escapar do mundo e dos compromissos e se enfiar em algum lugar diferente, fazendo coisas que ninguém imagina ou precisa saber que você fez, então faça.
Respeite seu corpo, seus sentimentos e suas vontades. Viva de forma digna sem magoar ou atingir as pessoas que você gosta voluntariamente, mas não confunda respeito, carinho e cumplicidade com anulação. Você não precisa se anular para fazer ninguém feliz. Pode até ser que dessa forma você faça muitas pessoas felizes, praticamente todas ao seu redor estarão felizes se você se mantiver na suposta linha da prudência, das regras da sociedade, se você jamais ousar viver ou experimentar coisas que lhe provocam nos sonhos, nos pensamentos e no cotidiano. Todos ficarão felizes se você se comportar direitinho, se não concluir que a vida é breve e que o tempo não costuma nos perdoar por vacilos e prazeres que deixamos de viver. Todos ficarão felizes se você continuar dizendo pra si mesmo “eu queria tanto, mas não posso”, todo ficarão felizes, exceto uma pessoa.
Foto: Viktor Ivanovski